terça-feira, 30 de novembro de 2010

Diálogo de um parágrafo só

- Um pouco sozinho. Sabe, são quase três da manhã e todo mundo é um pouco sozinho. Não há como. Você entende o que estou te dizendo? É! É isso! Hahaha. Ainda bem que você entende. Não, não concordo que seja esse desespero todo. Não é pra tanto, nem que eu seja esse lance de meio termo. Também acho que dá um certo desgosto falar sobre isso. Mas sabe como é né? Somos só eu e você, esse grande resto de whisky e ainda assim conseguimos nos sentir tão sozinhos como se estivéssemos a kilômetros de distância de qualquer ponto mínimo que pudesse nos servir como referência de companhia. Espere meu amigo, espere ... não fique angustiado assim. De uma mínima e completa forma, eu estou aqui. Estamos todos loucos no mundo. Todos sós loucos e loucos. Eu não tenho medo de ser assim. Você também deveria não temer. Aí estaríamos juntos.

Rua Nascimento Silva, 107

Tanto quis e tanto fez por querer que, diante do que não queria, pôde apenas querer outra. Agora queria outra. Coisa essa, ainda a mesma. Ainda no mesmo lugar. Agora, queria ser feliz. Chegou a se perguntar, no invadir daquela noite em que momento deixou-se levar tanto a ponto de esquecer de si. Mas em um só momento permitiu-se perguntar, nos outros segundos era apenas amor. Amou outra vez. De forma que não surgiu nem construiu nem descobriu. O amor sempre esteve ali. Entendeu que correu num círculo e reconheceu engano todas as vezes que acreditou correr longe. Era um mistério, um milagre, uma icógnita, uma questão sem resposta mas dotada de sentido. De sentido, eu disse? Sentimento. Dotada de sentimento. Todas as vezes que acreditei estar longe de você. Todas as vezes que quis estar longe. Todas essas vezes em que presamos distância e coisas ruins. Todas essas vezes estranhas e dolorosas... e agora você me aparece assim, de braços abertos. Destruindo todos os meus demônios com seu doce existir. Caralho. Que surra. Que surra feia eu estou levando da vida. Uma surra feia através da mulher incrível que você é.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Sinal

Já não temos motivos para decirdirmos juntos. Nem um mero fio de papel higiênico entre nos. Nem silêncio. Nem resposta. Nem motivo nenhum para decidirmos. Você pode me deixar esperando se quiser. Posso sair se você demorar de chegar. Nós podemos tudo mais do que nunca e eu nem sei o que fazer com tanto poder.

O fim.

Meu deus, que vontade de morrer.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Long day

O coração se subdividia em pedaços que deveriam ir ao lixo e pedaços que ainda podiam ficar. Magoas. Mágoa só é ruim pra quem tem. Não se contentou em acreditar e por mais que hesitasse em cultivar, ficou feliz por ter aquele tipo de sentimento dentro de si. Achou justa a escolha. A escolha própria de ser. Sentiu-se em mais pedaços ruins. Quem sabe um longo palavrão. Quem sabe, uma longa lista de palavrões. Sentiu orgulho. Orgulho de estar de pé, adiante, só. Não era apenas o fato de estar sozinha, era o fato de saber que ela nunca desistiu. Se algum dia alguém lhe perguntasse porque, já teria a resposta pronta e digerida: eu tentei, mas ela quis assim.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Antes só?

Novamente ela prendia o choro. Começos e fins. Viu-se perdida com tantos projetos. Hesitou em segurar. Segurou. É preciso muito pulso para não perder a linha. Agora haviam os fatos. Só precisava limpar a casa. Sozinha ou não.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

You don't know me

Então é isso. Nos últimos meses tenho lido muito. Todos esses autores donos da chamada contra cultura. Esses mais recentes também. Nos ultimos dias, mais propriamente, tenho sido acobertada por uma espécie estranha de nostalgia, nova no meu vocabulário. Uma nostalgia diante da preparação para essa aparente guinada que está prestes a acontecer. Também pairam sobre mim algumas dúvidas. Talvez um misto de crescimento e humanidade. Ou quem sabe o resultado da confusão que me tornei. Tenho tentado prestar atenção no que Ela diz. Um pouco de normalidade na minha vida, me incita a pensar que estou sempre querendo ser mau observada e mau quista e mau dita e mau mau mau. Não como o mau humor matinal ou meu acessos de mau comportamento da adolescência ou mesmo o mau carater dos dias nos quais esqueço de tomar o remédio controlado para minha tpm. (Aqui, me revelo mulher) Mas sim, um mau necessário, um mal quisto, obcecadamente desenhado durante o meu amadurecimento, projetado em todas as minhas atitudes que, apesar de positivas, sempre repercutiram fieis ao contra. Quem sabe, à luz dos dias modernos alguma corrente da psicologia hightec possa explicar essa personalidade. O fato é que, voltando ao que eu dizia, ando me debatendo com essa nova nostalgia que me faz pensar que estou morrendo. Sim. É como se andar de avião representasse a desconfiguração de tudo o que projetei na minha infância e que, até uns meses atrás, soava condizente com o que sou. Desfazer-me dessas projeções impregnadas, sobretudo, na minha mente parece, de perto, uma preparação para o desconhecido. E como ainda que, eu esteja, realmente me tornando alguém com maior clareza, não pretendo lidar de cara com o que não concebo existir, pretendo me apegar apenas à idéia desse sentimento estranho e novo que insisto em desvendar e compreender. Todo esse desejo de compreensão me faz crer que, talvez eu goste de me ver amarrada à esses pensamentos antigos e inadequados. Procuro, agora, uma compreensão imparcial. Uma auto análise fora de mim. Um exercício de um daqueles ditados que julgam sempre ter razão. Ou simplesmente eu goste de rever espontaneamente o que coexistiu à mim e que fez com que eu chegasse a ser quem sou. Mesmo crendo que não sou nada nem ninguém pois continuo num eterno processo de formação. Caramba. Quanto egoísmo em duas linhas. Dei uma pausa como se tentasse reorganizar as idéias numa forma mais altruísta. Ainda a alguns instantes li um trecho de um livro que incitava essa forma egoista de ser, dizia-se necessário para a permanência de um bom escritor na sociedade. E ainda não estou certa de sim ou de não. Aguardo o momento em que, para a sociedade, serei um escritor. Por hora, volto-me a questão nostálgica. Essa espécie de vírus modificado que estranhamente me dá medo da morte. Essa tal passagem só de ida para o desconhecido. E falando em desconhecido acabo de me lembrar que não queria falar sobre o que ainda não existe. Então pulemos essa parte. Prenderei-me então, aos detalhes do que sou, do que ela diz e do que me faz falta. O que sou, aos meus olhos excêntricamente rudes, soa estranho. Um ser chato, egoísta, orgulhoso e impulsivo. Uma espécie convicta de velho ranzinza e metido a sabichão. O que ela diz, tem a ver com o que sou, ou com o que Ela diz que tento mostrar ser. O abraço Dele me faz falta. Gostaria, na maioria desses ultimos dias, de ter ao invés de vazio, um grande amigo.
Então é isso. Meia dúzia de palavras que, se tivessem chance, continuariam sendo expurgadas involuntáriamente até que meu email não tivesse capacidade o suficiente de me guardar.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Come fly with me

Um pouco de solidão. Um pouco de coisa-sem-sentido. Um pouco de sentido em cada coisa.
Dias vazios. Cidade vazia. Feriados prolongados. Trabalho. Trabalho. Trabalho. Vontade de estudar. Vontade de voar.


- Oi mãe ? Tá me escutando? Vou ser aeromoça !