quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

O Furto.

Bem, por onde eu posso começar ? Quando eu cheguei aqui, meu corpo demorou pra se acostumar com o calor. Meu coração estava em pedaços. Eu estava em pedaços. Estava tentando encontrar alguma parte de mim que fosse realmente eu. Olhava a minha volta desmanchando em lágrimas todas as cores refletidas pelo sol quente. Foi preciso apenas duas semanas pra me recompor. Rapidamente juntei todos os pedaços e reconheci, feliz, minha solidão. Eu não estava cem por cento, mas eram uns setenta e cinco que valiam muito mais. Era engraçado. Passei de dor de cotovelo à musa Teen. Os jovens se impressionam facilmente. A gente pode ser sempre melhor do que imagina. Finalmente eu estava andando com as próprias pernas. O sol aquecia para além dos corpos. Lembro que numa certa noite, esperava o vinho. Meus amigos calmos, lentos, cheios de umas questões normais. Parecia que esperava a notícia que logo em seguida receberia. Estávamos juntos. Estávamos coexistindo o mesmo lugar. Desta vez não havia mais sol, nem corpos, nem calma. Sai correndo como se minha mãe me mandasse de volta pra casa. Dois dias depois, era o meu coração que estava aquecido. Aquecemos a cama o chão a mesa a rede. Reaquecemos o frio que morava em nós. Agora meus olhos olhavam super saturando tudo que o sol iluminava. Fiquei nessa por todos os outros dias que vieram. Mas as vezes a gente esqueçe que tudo tem sempre uma boa lição. Novamente eu estava em pedaços. Dois socos na cara e um no estômago. Um soco no bolso do meu pai. Um soco no meu trampo. E alguns boletins de ocorrência. Queixas do mundo moderno. Dessa vez, meu coração estava partido pelas queixas do mundo moderno. Cacete de calor! O calor expurga as coisas. As faz desnudas. Escancaradas. Acho que passei no teste. Vida desgraçada. Parecia pouco, mas já era o suficiente.

domingo, 26 de dezembro de 2010

Da minha vida.

Norma pensou que para trair primeiro precisava conhecer a fundo o traído. Acima de tudo pelas desculpas. Desculpas podem se tornar mentiras, que logo em seguida, rapidamente, serão descobertas. E descobrir mentiras não é, nem de longe, uma surpresa agradável. Se perguntou se a sua vizinha conhecia bem o marido. Sabia que a cada quinze dias outro carro parava naquela porta. E concluiu que naquele intenso relacionamento havia, no mínimo, um pouco de conhecimento mútuo, sim. E de traição. O segundo passo do conhecer é a confiança. Ela sabia que algo de espontâneo e incontrolável deveria partir do traído. Ria, quando pensava nessa palavra. Traído. Parecia dolorosa. Vítima. Pequeno isso de pensar na santidade das pessoas para nos maltratar um pouco. Tratou de continuar o raciocínio. Sabia que confiança era uma questão particular, até mesmo com tanto conhecimento, mas também sabia que podia alimentar. Então pensou em todos os 'te amo' verdadeiros que facilmente lhe ajudariam. Norma entendia a possibilidade do amor e da paixão simultâneos. Não era uma briga interna. Nem um momento confuso. Se considerava um pouco estranha. Mas considerava mais estranho ainda os limites que nunca seriam ultrapassados. Aquela tarde pronta lhe servia como sede de combate. Planejar era um cuidado advindo do amor. Amava a um. Amava a outro. Amava a si. Amava tanto a tudo que precisava ser cautelosa. Se alguma coisa desse errado ela sabia que nem o amor a um, nem o amor ao outro, nem o amor a si seriam suficientes para mantê-la em pé. Quem sabe Norma nem continuasse com aquilo. Mas ela precisava planejar.

Tinha que precisar ?

Sentei para escrever umas meias palavras. Umas "meias realidades". Alguma coisa com conjugação estranha. Ligação interrompida. Palavras contínuas. Algo sobre a noite poética de prestígio aos amigos. Sobre todo esse dom que marca tão intensamente cada sentido fazendo o mínimo parecer absurdo e insuportávelmente um tédio. Noite de desconstrução. Cair no que não pode ser perdido. Desconstruído isso. Cair novamente. Releituras. Releituras da gente. Mais velho, mais homem, mais mente, mais sexo. Menos nós. Insegurança. O ser-homem se faz inseguro a todo momento. Se fosse mágoa era mais fácil. Mas quem poderá provar ? Apenas você de mim e eu de você.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

P.S.

A lua se inscreveu clara, como os fatos. Cheiro seu na minha pele. Ânsia da suspeita de partir. Dói. Dói demais.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

A chamando pra luta aflita

Eu te olhava. Me perguntando a todo instante se tudo aquilo era real. Me disse que eu havia crescido. Como se o tempo tivesse mesmo existido entre nós. Ontem eu estava muda. Apenas te olhava tentando marcar em mim todos os pedaços seus. Sentia o cheiro das flores e te olhava. Ficava te fitando numa mistura de te ouvir, imaginar, ver.  Todos os meus sentidos estimulados sem qualquer toque. A tua existência era o único toque que eu precisava naquele instante. Senti vontade de chorar. Saiu pela porta, em meio a lua cheia. Senti vontade de não abrir a porta nunca mais. Uma vontade partida de quem não perdeu. De quem apenas não se agrada com o que tem. Antes de partir, me disse de você. Sorri como boa amante que me exijo ser. Te disse sim em todas as respostas. Mexi o corpo provocando encantamento. Até mesmo aquele adeus deveria ser intenso. Ainda que nas memórias, eu sabia que, algum lugar haveria de ser para nós. Então, me dediquei.

Laço frouxo

As vezes a gente flutua. Em alguns instantes daquela noite, cheiro forte das flores no quintal. Teu corpo não pesava mais que o nosso encontro. Meu corpo não pesava mais que uma ilusão. Havia um pedaço de melancolia naquela pequena possibilidade entre nós. Havia a certeza de que queríamos e a certeza de que não deveríamos mais. Eu estava paralisado. Meu corpo ao seu em movimento. Mas eu continuava paralisado. Era verão, a noite quente. Mas as flores no quintal insistiam em exalar seu cheiro forte como se trouxessem a primavera em nós. O quintal. Liga ações. Recebidas em intensos momentos de amor. Parávamos por corridos segundos. O relógio parecia disparar nesses intervalos. Algumas palavras de amor. Tentávamos contornar com algumas palavras de amor. As mesmas palavras, não podiam mais impressionar, mas impressionavam por continuar a existir. Existíamos, duvidosos do que ainda seríamos mas sedentos por aproveitar o que éramos. Naqueles instantes de encontro. Não podíamos ter mais nada. Nem uma noite a mais, nem uma impressão a mais, nem uma palavra de amor a mais. Naqueles instantes de econtro éramos apenas nós.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Uma boa dosagem de lirismo.

Finalmente o que sempre haviam sido: amantes.

De todas as maneiras que há de amar

A noite não permaneceu intacta. Nós não permanecemos imóveis. De um lado à outro da casa, numa busca incessante de nós mesmos antes que aquela noite virasse dia e o dia, por sua vez, nos tirasse dali. Passos tímidos. Um instante de cada vez. Todas as vezes num instante só. Éramos, quem sabe, fomos, a noite inteira, um sucesso antes adiado. Um novo sucesso, tão instantâneo quanto um segredo. Éramos a verdade de nós mesmos. Em movimentos conhecidamente ritmados. Paralisados, apenas, pelo hábito. Pela falta do hábito de existir. Éramos o que éramos muito mais do que naqueles instantes. Muito mais que naqueles intervalos. Enquanto a minha respiração tocava a sua pele e a sua pele tocava o meu corpo. Éramos a beira do abismo.

Brega

Comi rápido para engolir o choro. Tática antiga para disfarçar alguns momentos. Choraria pelo que é e não acontece. Pelo que aconteceu e não permanece. Pelo que sempre será e não voltará a ser, jamais. Pagar um preço caro por ter tentado. Por não tentar mais. Eu não te esquecerei. Eu não poderia, ainda que quisesse. Jamais.
Se for o caso de Maria perguntar. Não vejo nada Maria. Não estou vivo. Vivos, só os pensamentos. Eu mesmo, eu, não estou nem aqui. Nem que quisesse, como já lhe havia dito. Um contínuo caminhar sem caminho. Bifurca. Distingue. Separa. Parte aqui. Mas talvez nem seja o caso do fim. Aquele fim trágico, acabado, doído. Um caso, talvez, de silêncio condicionado. Condicionou-se o nosso tempo. Existe em todas as partes, menos aqui.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Ma

Esteve e tão logo se foi. Tão logo o sol tocou o chão, a caneta o papel, tuas idéias na tua mão. Tão logo as horas passaram, foi embora. Embora não tivesse estado realmente aqui. Um pedaço de interesse. Uma película por interesse. Um bom interesse. Um interesse bom.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Porque foste o que tinha de ser.

Amanheceu o dia tinindo nas minhas pálpebras. Vermelhos, meus olhos, se amassavam entre os meus dedos para observar melhor o dia clareando. Apenas um amanhecer. Apenas o início. Na vizinha, cuzcuz. No fogo, café. É esplêndido ter a chance desse momento. Viva a liberdade!

"a vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida ... "

domingo, 12 de dezembro de 2010

Acorda !!!

Sua mente não parava de funcionar. Olhos vidrados na tela já haviam vidrado copos e corpos alheios. A dor é inevitável, o sofrimento é opcional. Se deu conta da criatura mesquinha e mimada. Lembrou daquela frase daquele filme que assistiu a tanto tempo atrás. Olhava para a frente e se espremia na tentativa de aprender alguma coisa instantâneamente. Tinha que ser pra já.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

English

Hesitei em parabenizá-lo. De repente, construimos lacunas em nome do tempo.
É estranho. Parece que abri os olhos e tudo já estava diferente. Estranhamente diferente. Outros sentidos são despertados e, alguns diminutivos crescem como cresce o talento.
Despertou a vontade de uma velha intimidade que já é adulta demais para ser como era.
É isso, é apenas ou tudo isso.

Estou orgulhosa, porque ao menos nas minhas memórias, você faz parte. Mas tão jovem, não devo viver apenas de nostalgia.

Espero que entenda.

Parabéns!

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

O fim.

Queria dizer-lhe que estava bonita. Mas o tempo lhe fizera um estrago que não merecia palavras. Amava-na como se não fosse a ela. Ela era antes. Amava a garota que havia conhecido anos atrás. Mas aquela que estava em sua frente, podia ser todas, menos ela. Seu buxo cheio. Duas crianças. Uma distância medida em atitude, nunca em tempo.

- Foi a garota dos meus sonhos. - Pensou. - Onde ela foi parar?

Aliviado, inventou uma desculpa estranha ante a vontade de sair correndo. De alguma forma agradeceu às impossibilidades do destino. Toda cura para todo mal.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Eu sou amor da cabeça aos pés

As nóias me perseguem como se eu fosse um viciado. Vicio em nóias. Nóias diárias. Doses diárias de nóias nosferadas.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Diálogo de um parágrafo só

- Um pouco sozinho. Sabe, são quase três da manhã e todo mundo é um pouco sozinho. Não há como. Você entende o que estou te dizendo? É! É isso! Hahaha. Ainda bem que você entende. Não, não concordo que seja esse desespero todo. Não é pra tanto, nem que eu seja esse lance de meio termo. Também acho que dá um certo desgosto falar sobre isso. Mas sabe como é né? Somos só eu e você, esse grande resto de whisky e ainda assim conseguimos nos sentir tão sozinhos como se estivéssemos a kilômetros de distância de qualquer ponto mínimo que pudesse nos servir como referência de companhia. Espere meu amigo, espere ... não fique angustiado assim. De uma mínima e completa forma, eu estou aqui. Estamos todos loucos no mundo. Todos sós loucos e loucos. Eu não tenho medo de ser assim. Você também deveria não temer. Aí estaríamos juntos.

Rua Nascimento Silva, 107

Tanto quis e tanto fez por querer que, diante do que não queria, pôde apenas querer outra. Agora queria outra. Coisa essa, ainda a mesma. Ainda no mesmo lugar. Agora, queria ser feliz. Chegou a se perguntar, no invadir daquela noite em que momento deixou-se levar tanto a ponto de esquecer de si. Mas em um só momento permitiu-se perguntar, nos outros segundos era apenas amor. Amou outra vez. De forma que não surgiu nem construiu nem descobriu. O amor sempre esteve ali. Entendeu que correu num círculo e reconheceu engano todas as vezes que acreditou correr longe. Era um mistério, um milagre, uma icógnita, uma questão sem resposta mas dotada de sentido. De sentido, eu disse? Sentimento. Dotada de sentimento. Todas as vezes que acreditei estar longe de você. Todas as vezes que quis estar longe. Todas essas vezes em que presamos distância e coisas ruins. Todas essas vezes estranhas e dolorosas... e agora você me aparece assim, de braços abertos. Destruindo todos os meus demônios com seu doce existir. Caralho. Que surra. Que surra feia eu estou levando da vida. Uma surra feia através da mulher incrível que você é.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Sinal

Já não temos motivos para decirdirmos juntos. Nem um mero fio de papel higiênico entre nos. Nem silêncio. Nem resposta. Nem motivo nenhum para decidirmos. Você pode me deixar esperando se quiser. Posso sair se você demorar de chegar. Nós podemos tudo mais do que nunca e eu nem sei o que fazer com tanto poder.

O fim.

Meu deus, que vontade de morrer.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Long day

O coração se subdividia em pedaços que deveriam ir ao lixo e pedaços que ainda podiam ficar. Magoas. Mágoa só é ruim pra quem tem. Não se contentou em acreditar e por mais que hesitasse em cultivar, ficou feliz por ter aquele tipo de sentimento dentro de si. Achou justa a escolha. A escolha própria de ser. Sentiu-se em mais pedaços ruins. Quem sabe um longo palavrão. Quem sabe, uma longa lista de palavrões. Sentiu orgulho. Orgulho de estar de pé, adiante, só. Não era apenas o fato de estar sozinha, era o fato de saber que ela nunca desistiu. Se algum dia alguém lhe perguntasse porque, já teria a resposta pronta e digerida: eu tentei, mas ela quis assim.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Antes só?

Novamente ela prendia o choro. Começos e fins. Viu-se perdida com tantos projetos. Hesitou em segurar. Segurou. É preciso muito pulso para não perder a linha. Agora haviam os fatos. Só precisava limpar a casa. Sozinha ou não.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

You don't know me

Então é isso. Nos últimos meses tenho lido muito. Todos esses autores donos da chamada contra cultura. Esses mais recentes também. Nos ultimos dias, mais propriamente, tenho sido acobertada por uma espécie estranha de nostalgia, nova no meu vocabulário. Uma nostalgia diante da preparação para essa aparente guinada que está prestes a acontecer. Também pairam sobre mim algumas dúvidas. Talvez um misto de crescimento e humanidade. Ou quem sabe o resultado da confusão que me tornei. Tenho tentado prestar atenção no que Ela diz. Um pouco de normalidade na minha vida, me incita a pensar que estou sempre querendo ser mau observada e mau quista e mau dita e mau mau mau. Não como o mau humor matinal ou meu acessos de mau comportamento da adolescência ou mesmo o mau carater dos dias nos quais esqueço de tomar o remédio controlado para minha tpm. (Aqui, me revelo mulher) Mas sim, um mau necessário, um mal quisto, obcecadamente desenhado durante o meu amadurecimento, projetado em todas as minhas atitudes que, apesar de positivas, sempre repercutiram fieis ao contra. Quem sabe, à luz dos dias modernos alguma corrente da psicologia hightec possa explicar essa personalidade. O fato é que, voltando ao que eu dizia, ando me debatendo com essa nova nostalgia que me faz pensar que estou morrendo. Sim. É como se andar de avião representasse a desconfiguração de tudo o que projetei na minha infância e que, até uns meses atrás, soava condizente com o que sou. Desfazer-me dessas projeções impregnadas, sobretudo, na minha mente parece, de perto, uma preparação para o desconhecido. E como ainda que, eu esteja, realmente me tornando alguém com maior clareza, não pretendo lidar de cara com o que não concebo existir, pretendo me apegar apenas à idéia desse sentimento estranho e novo que insisto em desvendar e compreender. Todo esse desejo de compreensão me faz crer que, talvez eu goste de me ver amarrada à esses pensamentos antigos e inadequados. Procuro, agora, uma compreensão imparcial. Uma auto análise fora de mim. Um exercício de um daqueles ditados que julgam sempre ter razão. Ou simplesmente eu goste de rever espontaneamente o que coexistiu à mim e que fez com que eu chegasse a ser quem sou. Mesmo crendo que não sou nada nem ninguém pois continuo num eterno processo de formação. Caramba. Quanto egoísmo em duas linhas. Dei uma pausa como se tentasse reorganizar as idéias numa forma mais altruísta. Ainda a alguns instantes li um trecho de um livro que incitava essa forma egoista de ser, dizia-se necessário para a permanência de um bom escritor na sociedade. E ainda não estou certa de sim ou de não. Aguardo o momento em que, para a sociedade, serei um escritor. Por hora, volto-me a questão nostálgica. Essa espécie de vírus modificado que estranhamente me dá medo da morte. Essa tal passagem só de ida para o desconhecido. E falando em desconhecido acabo de me lembrar que não queria falar sobre o que ainda não existe. Então pulemos essa parte. Prenderei-me então, aos detalhes do que sou, do que ela diz e do que me faz falta. O que sou, aos meus olhos excêntricamente rudes, soa estranho. Um ser chato, egoísta, orgulhoso e impulsivo. Uma espécie convicta de velho ranzinza e metido a sabichão. O que ela diz, tem a ver com o que sou, ou com o que Ela diz que tento mostrar ser. O abraço Dele me faz falta. Gostaria, na maioria desses ultimos dias, de ter ao invés de vazio, um grande amigo.
Então é isso. Meia dúzia de palavras que, se tivessem chance, continuariam sendo expurgadas involuntáriamente até que meu email não tivesse capacidade o suficiente de me guardar.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Come fly with me

Um pouco de solidão. Um pouco de coisa-sem-sentido. Um pouco de sentido em cada coisa.
Dias vazios. Cidade vazia. Feriados prolongados. Trabalho. Trabalho. Trabalho. Vontade de estudar. Vontade de voar.


- Oi mãe ? Tá me escutando? Vou ser aeromoça !

domingo, 24 de outubro de 2010

Se ela pedisse

Queria ter morrido na volta da viagem. Aliás, queria ter morrido na ida mesmo. Morreria feliz com o trágico fim de quem foi embora antes da hora. E seria lembrado pra sempre como algo incompleto. Como todas as possibilidades que não tentou.Queria ter corrido pros braços dela. Queria tanto e se manteve tão parado.

sábado, 23 de outubro de 2010

E o pandeiro dançou

Leu uma por uma. Apagou uma por uma. Antes fossem várias mulheres. Mas era uma só que lhe causara tanto ardor. Bebeu todas as cervejas que pôde. Não havia dinheiro. Não havia mulher. Não havia corpo quente lado a lado. Havia distância. Havia vazio. Havia espaço de sobra para beber mais.
Coisa feia um homem tão grande tão choramingão!
Quis morrer. Quis matar. Quis quebrar tudo. Ficou intácto imóvel morto no colchão. Enquanto suas lágrimas rolavam, tentava escutar sua respiração.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

I do this everyday

Não sabia se era mentira ou verdade. Sabia que podia construir o que quisesse. A ilusão é uma faca afiada. Abre o peito. Corta. Dói. Eu estou com fome. Posso sentir minhas vísceras grunindo como um cachorro na rua. Se volto a pensar na ilusão, construo uma montanha comestível. Tic-tac. Continuo com fome. Fora disso, havia a realidade. A dúvida e mais dúvida, ao invés do simples desejo. Ouvi dizer que quando você não sabe onde ir, não está perdido. Qualquer ponto é uma parada. Qualquer palavra é um sim. Qualquer coisa oposta à outra ruim é o que existe. Eu odeio a faca da ilusão.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Tanto querer

Gosto sim. Gosto com gôsto de gostar tanto assim. Gosto em picos. Me drogo. Entorpeço. O que não me falta, é inspiração. Vírgula na frente, atrás, antes ou depois, tanto faz. Gosto perto. Tenho raiva por de longe, gostar também. Você entenderia se eu te dissesse que gosto sem parar em intervalos distoantes ? Eu te amo minha princesa. Em cada vascilar da nossa breve caminhada, construo formas diferentes de te amar.



Disse pra si mesmo ao pensar nela.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Músicas sem fim

Não era pra ser assim. Não era pra ser nada. Nunca é! Mas alguém esqueceu de avisá-la. E ela esqueceu de perceber. Então deixa pra lá. Deixa tudo pra lá. Pra lá, lá em cima, entulhando, um monte de deixa pra lá amontoado. Tô de saco cheio. Tô partida. Tô tanta coisa que tô até com preguiça. Sucumbiu-se por uma vontade extraordinária de chorar. Eram dez da manhã e o trabalho lhe exigia um rosto perfeito. Morena, bonita, jovem, um tanto sedentária. Atriz, modelo, mulher. Eram tantas dentro dela, todas com uma vontade exagerada de chorar. Recorreu à tática de pensar em outra. Tudo triste. Do outro lado do país, outras estavam tristes. Como ela podia sustentar aquele rosto perfeito de jovem se a vida lhe parecia cair ? Caiam os olhos, a boca, o nariz, os cabelos, a bunda, os peitos. Caía o valor do real, as possibilidades de felicidade, o menino na bicicleta. Caíam os cometas, as estrelas, os planetas, a chuva, as pétalas, as loucas, os loucos, os insetos, os pães com manteiga, os prédios.

Horas depois. Quedas a parte. Ainda o choro. Ainda a necessidade. Graças ao mundo capitalista, seguiu adiante naquela manhã.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Procurei alguma frase que pudesse dar sentido à minha busca

Sem idade se descobre a vida. Em perdas. Perde-se um pedaço. Procura-se outro pra encaixar. Fumo um cigarro pra espantar o choro. Vontade de dissolver tanto passado. Vontade de acertar. Sempre achei tanto que calei, mas falei demais. Se algumas palavras pudessem ser ditas, o passado não ficaria tão para trás. E se o passado não ficasse tão para trás explicaria porque sempre se faz tão presente.

Cospir

Então, como ele conseguiria diferenciar quem ela era com os outros e quem ela parecia ser com ele. Ou para ele. Para ele, ela sempre lhe pareceu demais. Mas, sabia que demais era uma ausência.

O que eu quero ? Sossego!

Titubiou. Titubiou na linha da modernidade. Ah, convenhamos, até a modernidade tem barreiras. Tentou. Tentou e conseguiu. Conseguiu em partes; as outras partes se despedaçaram ao tentar. Se ele dissesse todas as linhas que têm lido, não seriam suficientes para contá-la de sua experiência no caso. Talvez não importasse à ela tal fato, mas o que ela não sabia era que tudo não passava de uma questão de bom senso. Ele estava certo. Ainda que um tanto esfrangalhado. Ela estava segura.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Contigo en la distancia

Deitei sozinha. Cheiro de homem na pele. Cheiro de ninguém. Algumas lágrimas pensaram em cair. Lamentosas como uma madalena arrependida. Daçaram pelos olhos e ficaram por lá. Eu também fiquei por lá. O que está aqui, confuso pequeno tardio viscoso, são subsequências do que tocou. Há uma cama vazia, uma noite vazia, uma viagem vazia. Há o medo e a vontade de se permitir. Há o silêncio e o fim da frase. E o fim da fase.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Morena dos olhos d'água

Dissolvi o amor como uma aspirina. Gosto de beber as bolhas só para vê-las chegar ao fim. Encaixei peça por peça, mas não vi. Sorri, e a música ainda estava tocando.

sábado, 2 de outubro de 2010

Terra natal

Pensou que talvez sua mãe tivesse mesmo razão. Ela estava procurando, incessantemente, o que nem sabia. Talvez estivesse tudo embaixo dos seus olhos, dedos. Talvez a resposta estivesse na ponta do lápis. Ela, uma jovem lésbica, aspirante a tantas vidas, buscava questionavelmente, o brilho do sucesso.Sua história, quem sabe, até se pareça com alguém do cinema. Apesar de, ela não se assemelhar a nenhuma atriz, e de, ela própria, não se sentir parecida com mais ninguém. O que todos sabiam que leriam nas próximas linhas era o filme que rodava em sua mente. Torcia para que todos gostassem e aplaudissem de pé. Quem haveria de saber o que aconteceria à ela, se, nem ela mesma nunca quis saber.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

P.S.

Estou partindo. Retornando. Origens. Quero te levar comigo. Quero te levar. Comigo.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Breve adeus

Um degradê de amor. Um círculo sem meio e sem fim. Pinçelamos várias formas de amar.
Amamo-nos em amores findos. Acabaram. Amamo-nos em amores eternos. Amaremo-nos.
Com o tempo, tudo passou de uma simples questão fogocomfogo. O que se forma agora, em contrapartida ao que apagou, é uma nova forma de arder. O que renasce da cinza, voa, como pássaro, mas sabe, sempre, que não esquecerá. As palavras exacerbadas ficarão. As palavras não ditas, ficarão. O silêncio, ficará. Mas, sobretudo, ficará um grande pedaço, seu-eu-meu em mim; em meu inteiro. Creio que não haveria melhor fim. O fim aparente das coisas infinitas. A harmonia necessária da distância, da separação do desatar o nó. Deixar de ser um só, para, lado a lado, coexistir.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Alguém para gozar

Nublado. O dia estava nublado em algumas partes do país. Em seu país de baixo, um dia molhado. Podia passar o dia inteiro no vai e vem entra e sai e tantos outro termos que só sua inspiração naquele instante poderia suportar. Pensou em alguns telefonemas. Todos trabalhando. Ninguém a seu favor. Sentiu inveja do capitalismo. Como alguém com tanto tesão poderia permanecer só ? Era tão normal loucuras de amor que lhe pareceu absurdo não existirem loucuras por sexo. Sentiu o próprio corpo naquela manhã. Continuou na questão. Quem sabe um bom e demorado banho gelado. Tesão é algo estranho. É quase solidão. Precisa do outro, de outro, e mais. Pensou em ler, caminhar, dormir. Mas nada do que fizesse tirava sua indignação. Tesão pode deixar as pessoas indignadas. Será que mais alguém também estava explodindo em hormônios ? Talvez espalhe seu número na rede. Um chat, quem sabe ? Mas havia outra coisa, uma espécie de exigência com o tesão. Além do agora, precisava ser com ela. Sua lista se resumira, então, a uma pessoa só. Os cômodos continuavam vazios de outra presença. Contentou-se em se acariciar-se. Naquelas condicões, rendeu-se a seu próprio prazer. Quando se trata de solidão, somos mesmo a melhor saída.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Cara de pau

O que a incomodava era o inédito que não era inédito e sim oportuno. Parecia oportuno que ele ligasse convidando-na pra sair em cima da hora. - Lógico! Depois de dispensar todas as possibilidades, restara apenas eu! - ela pensava. E mesmo isso, ela suportaria. Mas daí a tentar convencê-la de que era mesmo um convite de última hora, isso ela não poderia tolerar. Nem de longe. Pensava que quem não sabe fingir não deveria tentar. A sinceridade provocava nela, uma espécie de tesão estranho, parecido com aqueles que te 'causam' no meio da tarde. Pois bem, ela recusou o convite sem dizer um não. Mudou de assunto elegantemente e ficou de ligar depois. Ao desligar o telefone, tratou de rasgar o número para que, caso ele voltasse a ligar, teria em suas mãos, uma pergunta para mudar de assunto novamente. Precisava sempre de uma carta na manga. Coincidência, ou não, ela sempre tinha.

Novidades

Culminou numa, uma espécie de orgulho. Anos de casamento não lhe poupava da sensação de descaso. Numa certa época, chegou a acreditar que tinha tendência ao descaso, dado que até o rapaz da padaria lhe incitara o sentimento. Mas isso foi a muito tempo e ele havia decidido ignorar tal fato. Não lhe aborrecia. Tinha plena consciência do que perdia com isso mas, via no respeito o incentivo que precisava. Certa vez, tratou com descaso uma jovem que o ajudava a recolher o papéis levados pelo vento. Mas, naquela noite, pensava com atenção nesse seu jeito esdrúxulo de ser. Tentava com isso, redimir um pouco das insistência de anos. Quem sabe, aquela altura, ainda desse tempo... Mas, por mais que tentasse, não conseguia se preocupar, nem mesmo, com ele. Sentia, ao invés disso, um certo prazer que se não soasse tão prepotente, pareceria bom.
Já estava perdido no tempo quando lembrou-se da reunião na universidade no outro dia de manhã. Contentou-se em se sentir bonamente satisfeito. Haviam outras preocupações que o incomodavam.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Jazz

Eu era um sacana de pouca idade. Ela era uma dissimulada. Descarada - escancarada - debochadamente, sacaneava qualquer um. Tinha fetiche por olhos e tórax. Eu, que nunca fui de ter músculos, ao menos tinha olhos que a agradavam e sabia escrever algumas palavrasmeiaverdades. Desconcertado, frente a frente do que eu poderia chamar de meu rival, fui aprendendo com ela a dispensar algumas formalidades. No final da noite, assim como na noite anterior, horas depois, fumando um cigarro, continuei dispensando formalidades. Aquela vadia não precisava fazer isso. Não era questão de trabalho. Eu estava desnorteado em plena madrugada, enchia meus pulmões de fumaça, satisfazendo não à mim, mas ao péssimo hábito que tomei como eu. Bela mulher. Belas mulheres são sempre bons motivos para péssimos vícios. A noite não podia ter sido melhor. Assim que ela atravessou a porta de mãos dadas àquele panaca, eu pude respirar um pouco mais aliviado.

domingo, 26 de setembro de 2010

Entra e vem correndo para mim, meu princípio já chegou ao fim.

Sinto o teu gosto na minha boca. Então sinto melhor a minha boca. Aperto um lábio contra o outro, enchendo de saliva a boca, na tentativa de render teu gosto. Sinto o teu gosto na minha boca. Como se estivesse com a boca entre as suas pernas. Como se as suas pernas estivessem entre a minha cabeça. Como se a minha cabeça estivesse longe. De repente sinto o teu gosto na minha boca. Ácido, gostoso, quente, molhado.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Primeiro dia

- Hoje eu vou encher o rabo de coisas supérfulas. Frivolidades necessárias depois de ter sido posto no olho da rua. Filhosdeumaputaimbecis. Tenho raiva de me sentir incompetente por grandes empresários de hábitos higiênicos um tanto questionáveis. - Cuspiu enquanto caminhava.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Até amanhã

Sentada sentindo. Sentada sentindo os restos do cheiro dele no meu corpo. Fiquei sentada sentindo os restos do cheiro dele e daquela energia diferente. Pra frente. Pra frentéx, diriam os jovens de hoje. Fiquei sentada pensando, pensando, pensando e embolando o cheiro a energia as palavras, os pensamentos. Os pensamentos se embolaram depois daquela conversa. Estive sentada conversando, enquanto me preparava para levantar e gravar um pouco daquele cheiro. Bom. Muito bom. Cheiro bom que impregna no corpo. Eu gostaria de fumar um cigarro pra tirar esse cheiro de mim. Agora preciso tomar banho. Lavarei o cheiro. Ficarei com as palavras. Com todas essas palavras amontoadas ai atrás, inteiras, gostosas na minha boca.

Prefiro toddy ao tédio

Um certo vazio.
Quem sabe a insatisfação crônica esteja tomando conta do meu organismo debilitado. Sim, o dia a dia me deixa debilitada.Um gosto chato de mar na minha boca (Arg). Impregna. Eu não sei, estou fazendo a linha confusa-desentendida. Eu não sei de nada, não estou sabendo de nada e ESTOU MESMO FAZENDO A LINHA DE QUEM NÃO QUER SABER.




Oi!
Alguém falou comigo ?

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Algumas verdades & algumas mentiras


Cheguei em casa com vontade de vomitar. Vontade de botar aquele amontoado de sentimento triste, aquele amontoado de altruísmo, de me importar com você. Náuseas da minha sensibilidade.
Romper dói. Mostrar para o outro, dói. 

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Química da distância

CorrerGritarChuparGosarAmar. Vontade de correr o mundo por sua causa. Verbarizar canto por canto. Me esconder um tanto, pra te dar prazer.

Careless Love *

Precisava de uma aspirina. Enquanto as putas continuavam seguindo-no, ele precisaria, para sempre, de uma aspirina para relaxar.












(* título da música de Bessie Smith)

Boca cheia, boa noite.

 - Sé, Sé, Séquiço. Gaguejou como quem tentava engolir a vergonha. Foi o que pareceu. Internamente, tentava engolir o gozo que tinha só de pronunciar sexo com ela. Já era tarde, e se sentia como uma expectativa. Sim, era a expectativa em pessoa e não com expectativa. Odiava o fato de ter que estimar algo/alguém que não fosse, clara e egoistamente, ela mesma. Quem sabe devesse praticar algum tipo de filosofia ou esporte, um daqueles tipos 'corpo são, mente sã'. Corpos são para se ter prazer. Prazer e perder. Do que mais ela poderia fazer da vida? 

Tudo mesmo

Os sucessos populares em mim. Um pedaço de Nelson. Sim, todos os livros me afetam. De tal modo, que sou, radicalmente eles, enquanto os saboreio. Assim como sou, radicalmente qualquer um, qualquer um mesmo, qualquer um que atenda por um nome próprio e que, se posicione em minha frente. Sou incessantemente outro antes de mim. Me cansaria, sendo a outra maneira. Talvez, na semana que vem, eu seja etereamente o tempo. Sem me impregnar em livros discos drogas qualquer um e atividades, essencialmente, sociais que, honestamente, só têm cansado a minha intimidade.

Show da vida

É nisso que dá
Uma grande xícara de café
é
é
é
É o silêncio quem está
Eu estou aí, 
meu bem
Bessie Smith está aqui
E só consigo pensar em você entre as minhas pernas


Um dia você dirá que assim como os velhos safados nojentos e escrotos,
eu,
arruinei a sua reputação. Então eu te lembrarei que foi você quem fez minhas pálpebras tremerem. Você as viu desse modo e se enalteceu. Você é quem acabou com as minhas pálpebras. Você e essa nossamania de intensidade. Você e essa coisa maluca que me desconcentra. Você e você própria. Basta para destruir qualquer coisa em mim.

Eu me importo

O olho. Grande espesso denso. Me olha e eu ignoro.

Purpurina

A comida travou na garganta. Cacete de vida. Eu já sabia que isso ia acontecer. Estou esperando. Esperando suas palavras, seu não.

Lendo Young

São mais de meia noite. Não tem cheiro de nada. Nem merda nem cinzas nem batons nem peitos. Minhas palavras se escracharam no modo moderno de escrever. Eu escrevi sobre laços,  mais cedo. Mais cedo ou mais tarde eu diria tudo ao contrário. É assim que as coisas funcionam pra mim, sabe? De repente é meio dia. De repente, meia noite. Mas eu não afirmaria isso com tanta intensidade. Meus meios são inteiros e, ilegais. Eu espero que o ano acabe logo, que essa falta acabe logo, que amanhã seja um eterno fim de semana. Eu esperaria fugir de tanta responsabilidade, mas seria outra vez, e, eu não gosto de insistir. Sou fácil, logo desisto. Quem sabe um dia, eu aprenda um pouco mais de mim e passe a ver o quanto interessante eu era e seria serei quando, finalmente, me der conta disso. Então pra terminar logo a noite eu resolvi dormir. Eu não tinha todas aquelas coisas pra dizer, nem pro meu pai, nem pra ninguém. Mas eu sabia o que eu tinha, ao menos de alguma coisa eu tinha certeza. Eu podia conquistar o mundo, mas estou cansada e amanhã tem tanto dia que eu preferi dormir.

Conjug(ar)

Um copo grande para uma grande ausência. Um corpo grande para uma grande história. Uma grande interrogação para uma grande reticência. Tudo inversamente proporcional ao que se tornou isso. Isso que é. Ditado programado reconhecido e autenticado por esses dias. De repente, um grande vazio. De repente, metade cheia.
Não há tempo. Não há tempo pra meditar fazer yoga acupuntura dança ou sei lá o que equilibrado que, supostamente, aliviaria meus dias. Ando tentando fazer as unhas. Fazer cocô. Fazer a sobrancelha. Fazer as contas, de quanto tempo ando perdendo com tanta pressa. De repente, e olha ele outra vez, uma vontade de chorar. Nem isso tenho me dado ao luxo de fazer. É como se, eu quisesse esquecer de mim vivendo irremediavelmente-sem-cessar. Emendar um verbo no outro até que volte ao início outra e mais outra vez.