quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Breve adeus

Um degradê de amor. Um círculo sem meio e sem fim. Pinçelamos várias formas de amar.
Amamo-nos em amores findos. Acabaram. Amamo-nos em amores eternos. Amaremo-nos.
Com o tempo, tudo passou de uma simples questão fogocomfogo. O que se forma agora, em contrapartida ao que apagou, é uma nova forma de arder. O que renasce da cinza, voa, como pássaro, mas sabe, sempre, que não esquecerá. As palavras exacerbadas ficarão. As palavras não ditas, ficarão. O silêncio, ficará. Mas, sobretudo, ficará um grande pedaço, seu-eu-meu em mim; em meu inteiro. Creio que não haveria melhor fim. O fim aparente das coisas infinitas. A harmonia necessária da distância, da separação do desatar o nó. Deixar de ser um só, para, lado a lado, coexistir.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Alguém para gozar

Nublado. O dia estava nublado em algumas partes do país. Em seu país de baixo, um dia molhado. Podia passar o dia inteiro no vai e vem entra e sai e tantos outro termos que só sua inspiração naquele instante poderia suportar. Pensou em alguns telefonemas. Todos trabalhando. Ninguém a seu favor. Sentiu inveja do capitalismo. Como alguém com tanto tesão poderia permanecer só ? Era tão normal loucuras de amor que lhe pareceu absurdo não existirem loucuras por sexo. Sentiu o próprio corpo naquela manhã. Continuou na questão. Quem sabe um bom e demorado banho gelado. Tesão é algo estranho. É quase solidão. Precisa do outro, de outro, e mais. Pensou em ler, caminhar, dormir. Mas nada do que fizesse tirava sua indignação. Tesão pode deixar as pessoas indignadas. Será que mais alguém também estava explodindo em hormônios ? Talvez espalhe seu número na rede. Um chat, quem sabe ? Mas havia outra coisa, uma espécie de exigência com o tesão. Além do agora, precisava ser com ela. Sua lista se resumira, então, a uma pessoa só. Os cômodos continuavam vazios de outra presença. Contentou-se em se acariciar-se. Naquelas condicões, rendeu-se a seu próprio prazer. Quando se trata de solidão, somos mesmo a melhor saída.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Cara de pau

O que a incomodava era o inédito que não era inédito e sim oportuno. Parecia oportuno que ele ligasse convidando-na pra sair em cima da hora. - Lógico! Depois de dispensar todas as possibilidades, restara apenas eu! - ela pensava. E mesmo isso, ela suportaria. Mas daí a tentar convencê-la de que era mesmo um convite de última hora, isso ela não poderia tolerar. Nem de longe. Pensava que quem não sabe fingir não deveria tentar. A sinceridade provocava nela, uma espécie de tesão estranho, parecido com aqueles que te 'causam' no meio da tarde. Pois bem, ela recusou o convite sem dizer um não. Mudou de assunto elegantemente e ficou de ligar depois. Ao desligar o telefone, tratou de rasgar o número para que, caso ele voltasse a ligar, teria em suas mãos, uma pergunta para mudar de assunto novamente. Precisava sempre de uma carta na manga. Coincidência, ou não, ela sempre tinha.

Novidades

Culminou numa, uma espécie de orgulho. Anos de casamento não lhe poupava da sensação de descaso. Numa certa época, chegou a acreditar que tinha tendência ao descaso, dado que até o rapaz da padaria lhe incitara o sentimento. Mas isso foi a muito tempo e ele havia decidido ignorar tal fato. Não lhe aborrecia. Tinha plena consciência do que perdia com isso mas, via no respeito o incentivo que precisava. Certa vez, tratou com descaso uma jovem que o ajudava a recolher o papéis levados pelo vento. Mas, naquela noite, pensava com atenção nesse seu jeito esdrúxulo de ser. Tentava com isso, redimir um pouco das insistência de anos. Quem sabe, aquela altura, ainda desse tempo... Mas, por mais que tentasse, não conseguia se preocupar, nem mesmo, com ele. Sentia, ao invés disso, um certo prazer que se não soasse tão prepotente, pareceria bom.
Já estava perdido no tempo quando lembrou-se da reunião na universidade no outro dia de manhã. Contentou-se em se sentir bonamente satisfeito. Haviam outras preocupações que o incomodavam.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Jazz

Eu era um sacana de pouca idade. Ela era uma dissimulada. Descarada - escancarada - debochadamente, sacaneava qualquer um. Tinha fetiche por olhos e tórax. Eu, que nunca fui de ter músculos, ao menos tinha olhos que a agradavam e sabia escrever algumas palavrasmeiaverdades. Desconcertado, frente a frente do que eu poderia chamar de meu rival, fui aprendendo com ela a dispensar algumas formalidades. No final da noite, assim como na noite anterior, horas depois, fumando um cigarro, continuei dispensando formalidades. Aquela vadia não precisava fazer isso. Não era questão de trabalho. Eu estava desnorteado em plena madrugada, enchia meus pulmões de fumaça, satisfazendo não à mim, mas ao péssimo hábito que tomei como eu. Bela mulher. Belas mulheres são sempre bons motivos para péssimos vícios. A noite não podia ter sido melhor. Assim que ela atravessou a porta de mãos dadas àquele panaca, eu pude respirar um pouco mais aliviado.

domingo, 26 de setembro de 2010

Entra e vem correndo para mim, meu princípio já chegou ao fim.

Sinto o teu gosto na minha boca. Então sinto melhor a minha boca. Aperto um lábio contra o outro, enchendo de saliva a boca, na tentativa de render teu gosto. Sinto o teu gosto na minha boca. Como se estivesse com a boca entre as suas pernas. Como se as suas pernas estivessem entre a minha cabeça. Como se a minha cabeça estivesse longe. De repente sinto o teu gosto na minha boca. Ácido, gostoso, quente, molhado.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Primeiro dia

- Hoje eu vou encher o rabo de coisas supérfulas. Frivolidades necessárias depois de ter sido posto no olho da rua. Filhosdeumaputaimbecis. Tenho raiva de me sentir incompetente por grandes empresários de hábitos higiênicos um tanto questionáveis. - Cuspiu enquanto caminhava.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Até amanhã

Sentada sentindo. Sentada sentindo os restos do cheiro dele no meu corpo. Fiquei sentada sentindo os restos do cheiro dele e daquela energia diferente. Pra frente. Pra frentéx, diriam os jovens de hoje. Fiquei sentada pensando, pensando, pensando e embolando o cheiro a energia as palavras, os pensamentos. Os pensamentos se embolaram depois daquela conversa. Estive sentada conversando, enquanto me preparava para levantar e gravar um pouco daquele cheiro. Bom. Muito bom. Cheiro bom que impregna no corpo. Eu gostaria de fumar um cigarro pra tirar esse cheiro de mim. Agora preciso tomar banho. Lavarei o cheiro. Ficarei com as palavras. Com todas essas palavras amontoadas ai atrás, inteiras, gostosas na minha boca.

Prefiro toddy ao tédio

Um certo vazio.
Quem sabe a insatisfação crônica esteja tomando conta do meu organismo debilitado. Sim, o dia a dia me deixa debilitada.Um gosto chato de mar na minha boca (Arg). Impregna. Eu não sei, estou fazendo a linha confusa-desentendida. Eu não sei de nada, não estou sabendo de nada e ESTOU MESMO FAZENDO A LINHA DE QUEM NÃO QUER SABER.




Oi!
Alguém falou comigo ?

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Algumas verdades & algumas mentiras


Cheguei em casa com vontade de vomitar. Vontade de botar aquele amontoado de sentimento triste, aquele amontoado de altruísmo, de me importar com você. Náuseas da minha sensibilidade.
Romper dói. Mostrar para o outro, dói. 

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Química da distância

CorrerGritarChuparGosarAmar. Vontade de correr o mundo por sua causa. Verbarizar canto por canto. Me esconder um tanto, pra te dar prazer.

Careless Love *

Precisava de uma aspirina. Enquanto as putas continuavam seguindo-no, ele precisaria, para sempre, de uma aspirina para relaxar.












(* título da música de Bessie Smith)

Boca cheia, boa noite.

 - Sé, Sé, Séquiço. Gaguejou como quem tentava engolir a vergonha. Foi o que pareceu. Internamente, tentava engolir o gozo que tinha só de pronunciar sexo com ela. Já era tarde, e se sentia como uma expectativa. Sim, era a expectativa em pessoa e não com expectativa. Odiava o fato de ter que estimar algo/alguém que não fosse, clara e egoistamente, ela mesma. Quem sabe devesse praticar algum tipo de filosofia ou esporte, um daqueles tipos 'corpo são, mente sã'. Corpos são para se ter prazer. Prazer e perder. Do que mais ela poderia fazer da vida? 

Tudo mesmo

Os sucessos populares em mim. Um pedaço de Nelson. Sim, todos os livros me afetam. De tal modo, que sou, radicalmente eles, enquanto os saboreio. Assim como sou, radicalmente qualquer um, qualquer um mesmo, qualquer um que atenda por um nome próprio e que, se posicione em minha frente. Sou incessantemente outro antes de mim. Me cansaria, sendo a outra maneira. Talvez, na semana que vem, eu seja etereamente o tempo. Sem me impregnar em livros discos drogas qualquer um e atividades, essencialmente, sociais que, honestamente, só têm cansado a minha intimidade.

Show da vida

É nisso que dá
Uma grande xícara de café
é
é
é
É o silêncio quem está
Eu estou aí, 
meu bem
Bessie Smith está aqui
E só consigo pensar em você entre as minhas pernas


Um dia você dirá que assim como os velhos safados nojentos e escrotos,
eu,
arruinei a sua reputação. Então eu te lembrarei que foi você quem fez minhas pálpebras tremerem. Você as viu desse modo e se enalteceu. Você é quem acabou com as minhas pálpebras. Você e essa nossamania de intensidade. Você e essa coisa maluca que me desconcentra. Você e você própria. Basta para destruir qualquer coisa em mim.

Eu me importo

O olho. Grande espesso denso. Me olha e eu ignoro.

Purpurina

A comida travou na garganta. Cacete de vida. Eu já sabia que isso ia acontecer. Estou esperando. Esperando suas palavras, seu não.

Lendo Young

São mais de meia noite. Não tem cheiro de nada. Nem merda nem cinzas nem batons nem peitos. Minhas palavras se escracharam no modo moderno de escrever. Eu escrevi sobre laços,  mais cedo. Mais cedo ou mais tarde eu diria tudo ao contrário. É assim que as coisas funcionam pra mim, sabe? De repente é meio dia. De repente, meia noite. Mas eu não afirmaria isso com tanta intensidade. Meus meios são inteiros e, ilegais. Eu espero que o ano acabe logo, que essa falta acabe logo, que amanhã seja um eterno fim de semana. Eu esperaria fugir de tanta responsabilidade, mas seria outra vez, e, eu não gosto de insistir. Sou fácil, logo desisto. Quem sabe um dia, eu aprenda um pouco mais de mim e passe a ver o quanto interessante eu era e seria serei quando, finalmente, me der conta disso. Então pra terminar logo a noite eu resolvi dormir. Eu não tinha todas aquelas coisas pra dizer, nem pro meu pai, nem pra ninguém. Mas eu sabia o que eu tinha, ao menos de alguma coisa eu tinha certeza. Eu podia conquistar o mundo, mas estou cansada e amanhã tem tanto dia que eu preferi dormir.

Conjug(ar)

Um copo grande para uma grande ausência. Um corpo grande para uma grande história. Uma grande interrogação para uma grande reticência. Tudo inversamente proporcional ao que se tornou isso. Isso que é. Ditado programado reconhecido e autenticado por esses dias. De repente, um grande vazio. De repente, metade cheia.
Não há tempo. Não há tempo pra meditar fazer yoga acupuntura dança ou sei lá o que equilibrado que, supostamente, aliviaria meus dias. Ando tentando fazer as unhas. Fazer cocô. Fazer a sobrancelha. Fazer as contas, de quanto tempo ando perdendo com tanta pressa. De repente, e olha ele outra vez, uma vontade de chorar. Nem isso tenho me dado ao luxo de fazer. É como se, eu quisesse esquecer de mim vivendo irremediavelmente-sem-cessar. Emendar um verbo no outro até que volte ao início outra e mais outra vez.