sábado, 29 de janeiro de 2011

O quereres

Essa delicadeza tão sutil consome. Consumo para além do capital. Delicadeza das coisas findas. Segundo plano. Onde queres o que quer sou inteiro oposto, o não. Mentiras doces me consomem. Que acabe logo o espetáculo. Cansei de vestir essa personagem tão singela.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Recado

O que sinto pressente. Não como um mal presságio. Mas sabe o que vai acontecer. Corre e evita. A suspeita é sempre uma péssima companhia para se estar em paz. Sigo adiante, agora sem volta. Os pneus ainda rolam em sua direção. Sinto a sua falta. Pressinto a tua presença. Onipresente em meu existir.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

O dia da saudade

Acordei com formigas na boca. Entre elas e o meu estômago há uma distância afiada que me dilacera. Tudo está grotescamente cinza. Os meus olhos não dissernem nenhum sinal de vida em cor. Parece um dia inexistente. Um sonho. Um pesadelo. Sinto, nas minhas pernas, um cortar que só machuca por me tornar imóvel. Mas corro. Corro desesperadamente tentando cuspir cada formiga. Todas estão impregnadas na minha boca. Gosto de morte. Gosto amargo. Distância. Era inevitável. Eu sabia que esse dia chegaria. O terror não vem do fim. O terror está nessa guinada. Faço a curva sem saber se ela acabará.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Café ?

Voltara a escrever do mesmo ponto. Mas desta vez, sem seus cabelos. Lá estava eu colecionando calendários em cada passagem. A distância diminuia a cada letra. Piscava os olhos e a paisagem se refazia a minha frente. Novamente eu ia ao seu encontro

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Pagar pra ver

A noite se revezava com o dia. Carregava um neném no colo. Pouco cabelo na cabeça. Na minha cabeça perguntava o que era tudo aquilo. Momento de festa. Vídeo antigo. A felicidade se estampava nos sorrisos de todos ali. Mas eu estava do outro lado da tela, e não sorria. Era estranho a antiguidade dos fatos. Mas era real. Tudo o que eu via não me pertencia, mas era meu. Era eu de alguma forma. Haviam cores. Lembranças coloridas do que ainda nem ocorreu. O que será disso tudo para além do onírico ? Mistério.

sábado, 8 de janeiro de 2011

Agora sim

Frases batendo. Batem rompendo. Negação. Desconstrução. Desafio. Frases martelaram minha mente a noite inteira. Temos a compreensão maior. O outros, os outros não sabem nada. Perguntam o óbvio quando ainda somos a melhor resposta. Eu enxergo onde você vê e onde ninguém mais sabe o que tem. A falta de expectativas me entristece. Me entristece a falta.  Me enraivece muito mais que entristece essa coisa morna-fria da desesperança. Os outros afetam em segundos contados e podados. Me falta a paciência. Um pouco de confusão. Como você enxerga o que o outro é ? Você se arriscaria a dizer o que ele precisa ? Quem é você, mesmo ? Você se acha, mesmo, capaz de aspirar necessidades alheias ? Quando digo que ainda somos a melhor resposta, digo em retórica à indignação. E estar indignado não é um estado de espírito, é uma resposta. Você provoca, eu me indigno. E temos o que há. Não movo pedras para atirar. A minha revolta é calma e silenciosa. Você não sabe. Os outros, os outros não sabem nada. O saber virá quando(quanto)  for o tempo.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Sob, Sobre, Soube.

A paixão vem sempre a frente. Vanguarda. Precipitada. Cega. Intensa. Incontrolada. Apaixonar-se é tão suave e arrebatador como um acidente de trânsito. Mas para apaixonar-se não é preciso veículos. A existência de andar a pé, é suficiente. Todas as peças estão dentro de você. Motores de amar. Não. Apaixonar-se nada tem a ver com amor. Apaixonar-se é o inicio e o fim. O amor não tem maneiras. Motores de amar funcionam para sempre. Paixão não tem motor. Paixão tem engrenagem. Uma peça leva à outra. O fim e o início se repetindo incessantemente. Quem vai provar pra mim que não é assim ? Acredite ! Isso tudo sem entrar em detalhes. Detalhes da ordem de que ordem tem ! O fato é que na desordem que isso tudo junto dá, amo intenso em um ato contínuo sem mover um dedo sequer. Porque o amor nada mais poderia ser que a harmonia perene. O meu amor perene e sem fim, mora calmo. Motor de amar. Modo de amar. Amor.

On the road

Pequenos traços emparelhados. Não constroem linhas, mas sinalizam. Pequenos traços emparelhados chegam em qualquer lugar, mas me levam à você. De onde sento agora, vejo o horizonte extenso, denso em seu calor. Passam milhares de mentes que não passam por mim. Aqui dentro meu corpo respira normalmente. Homens na pista colorem de laranja a paisagem verde e marrom, e muito mais marrom que verde. Pacientemente as rodas giram perdendo as contas das voltas. Gostaria que as horas perdessem a conta e depressa nas voltas passassem o mais rápido possível. Te ver é uma ânsia maior do que te ter.
As vezes a vida pega fogo. As vezes a gente vê o fogo. Noutras, só a fumaça. As vezes parece que vai parar. Em outras, realmente para. A vida é como estar na estrada. Pode ser uma longa viagem, uma curta viagem. Com sinalizações, ótimas ou quase ausentes. Algumas ou várias paradas. Sozinho ou solitário. Com escolhas ou com destino. Alguns cumprimentos no silêncio. Se me sinto dona da minha estrada? Sinto. Fiz-na de idas e vindas. Voltas e voltas. Mas agora o que importa no que sinto é que quero te levar comigo nessa minha-nossa estrada.