terça-feira, 18 de janeiro de 2011

O dia da saudade

Acordei com formigas na boca. Entre elas e o meu estômago há uma distância afiada que me dilacera. Tudo está grotescamente cinza. Os meus olhos não dissernem nenhum sinal de vida em cor. Parece um dia inexistente. Um sonho. Um pesadelo. Sinto, nas minhas pernas, um cortar que só machuca por me tornar imóvel. Mas corro. Corro desesperadamente tentando cuspir cada formiga. Todas estão impregnadas na minha boca. Gosto de morte. Gosto amargo. Distância. Era inevitável. Eu sabia que esse dia chegaria. O terror não vem do fim. O terror está nessa guinada. Faço a curva sem saber se ela acabará.

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