terça-feira, 21 de dezembro de 2010

De todas as maneiras que há de amar

A noite não permaneceu intacta. Nós não permanecemos imóveis. De um lado à outro da casa, numa busca incessante de nós mesmos antes que aquela noite virasse dia e o dia, por sua vez, nos tirasse dali. Passos tímidos. Um instante de cada vez. Todas as vezes num instante só. Éramos, quem sabe, fomos, a noite inteira, um sucesso antes adiado. Um novo sucesso, tão instantâneo quanto um segredo. Éramos a verdade de nós mesmos. Em movimentos conhecidamente ritmados. Paralisados, apenas, pelo hábito. Pela falta do hábito de existir. Éramos o que éramos muito mais do que naqueles instantes. Muito mais que naqueles intervalos. Enquanto a minha respiração tocava a sua pele e a sua pele tocava o meu corpo. Éramos a beira do abismo.

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