domingo, 17 de julho de 2011

way back into love

Aos poucos você vai sumir. Não, não, não. Hesitou. Se eu pudesse voltar ao passado, não teria dado o primeiro passo. Partiu o coração dele. Dois corações e meio partidos. Como pode alguém desejar morte onde há vida brotando? Ouviu falar de um grande incêndio no parque ao lado de casa aquela manhã. Lamentou em dobro. O café não tinha o mesmo gosto. O molho shoyo não tinha o mesmo gosto. O melhor sorvete da cidade não tinha o mesmo gosto. Morria na boca o gosto que alimentava a vida mesmo depois de morrer. Enquanto todas as plantas e bichos do parque morriam durante a manhã, a vida continuava do lado de fora. Do lado de fora ela não se importava se havia vida. Enquanto contava os sapatos pros pés que ainda nem estavam ali, pensava. Pensava no quanto queria estar pensando, apenas, nos pequenos pés, nos pequenos sapatos, e não nele. A única coisa que queria voltar era no tempo. No tempo em que ficaria triste e tomaria uma boa dose dum conhaque qualquer pra acalentar a dor. E repetiria as doses, por dias, se fosse preciso. Mas naquele incêndio o fogo não podia ser contido e matou tudo o que havia no parque e mais algumas coisas ao redor.

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